Durante minha vida profissional já fui criticado e elogiado algumas vezes pelo mesmo motivo: trabalhar na empresa de alguém como se ela fosse minha.
Não tenho culpa, ou tenho, por me dedicar às atividades que me foram dadas e trabalhar para que a empresa cresça e evolua alcançando novos patamares, processos mais sólidos e com uma qualidade melhor, pois sempre considerei que se a empresa cresce eu cresço junto com ela.
Entretanto esse meu jeito de pensar incomodava alguns gestores e coordenadores e alguns chegavam a pensar que eu queria ocupar a cadeira em que estava sentados confortavelmente. Ledo engano.
Quando a gente gosta do que faz, fazemos por amor mesmo.
Em um belo dia de chuva em Curitiba (aqui os dias normais são assim), resolvi empreender e utilizar tudo o que tinha aprendido e absorvido em minhas experiências para auxiliar outras empresas: abri uma consultoria.
E sabe, ser consultor não é nada fácil. Se alguém te disse o contrário ele mentiu para você.
O processo de consultoria muitas vezes é semelhante a uma consulta médica: o paciente chega até você com uma queixa ou um problema, você analisa todas as informações que foram passadas, você desenvolve uma hipótese diagnóstica, você avalia as possibilidades de tratamento, você elabora um plano (receita) com o passo a passo para que o cliente siga e consiga solucionar o problema que relatou e agenda a próxima consulta para acompanhamento do andamento das ações e na próxima consulta você percebe que o cliente não fez absolutamente nada daquilo que foi recomentado, e o pior, em algumas situações o problema relatado na consulta anterior até aumentou.
Confesso que em muitos casos a vontade que dá e de pegar a receita e realizar o tratamento você mesmo, só para garantir que aquele plano seja cumprido, mas não podemos fazer isso. Existe uma linha tênue entre caminhar com você e caminhar por você.
Já assistiu o filme Matrix (1999)? Você pode até não ter assistido, mas possivelmente já ouviu falar.
Em uma certa parte do filme, ao chegar na porta do “consultório” para a visita ao Oráculo, Morpheu disse ao Neo uma frase que eu acho fantástica: “Eu só posso lhe mostrar a porta. Você é quem deve atravessá-la“.
E não pense que Morpheu estava com má vontade, porque não estava. Tudo o que ele mais queria era fazer com que Neo acreditasse que ele poderia ser maior e melhor do que era naquele momento. Acreditar ou não, ser melhor ou não, percorrer o caminho ou não, dependia apenas de Neo.
Durante o processo de consultoria é basicamente isso que nós consultores fazemos: apresentamos ideias e soluções que poderão melhorar o status atual da sua empresa, porém você cliente é quem precisa avalia-las e colocá-las em prática.
“Se você estiver disposto a construir um castelo, tenha certeza que o consultor poderá te entregar todos os tijolos, mas é você quem precisa coloca-los na parede.”
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